Casas das Fraldas multiplicam-se pelo Paraná
Casas das Fraldas multiplicam-se
pelo Paraná e já chegam a Bahia
À frente da ação estão a Acicam e o Integrado – Colégio e Faculdade
A partir de Campo Mourão, onde o inovador projeto de responsabilidade social foi criado em 2008, unidades da Casa das Fraldas multiplicam-se rapidamente pelas mais diferentes regiões do Paraná. Até para o município de Eduardo Magalhães, na Bahia, o projeto da Casa das Fraldas foi encaminhado, após intercâmbio com a idealizadora da ação, a advogada e docente universitária mourãoense Marta Kaiser Leitner.
Pelo menos 19 cidades paranaenses já receberam o apoio e cópia do projeto para a implantação da Casa das Fraldas: Ponta Grossa, Paranavaí, Mandaguari, Foz do Iguaçu, Mamborê, Cianorte, Umuarama, Boa Esperança, Curitiba, Toledo, Goioêre, Guarapuava, Janiópolis, Farol, Maringá, Ubiratã, Marialva, Altamira do Paraná e Ivaiporã.
Mas esse número pode ser ainda maior, pois a implantação não depende de autorização ou de qualquer tipo de licença por parte da entidade percursora. Em Curitiba, onde já existem duas Casas das Fraldas em atividade, mais duas unidades estão sendo organizadas para entrar em atividade brevemente, através da Maçonaria.
Lideranças sociais de vários outros municípios já visitaram a Casa das Fraldas de Campo Mourão para conhecer como funciona o projeto, resultados alcançados, forma de manutenção, estrutura, equipamentos necessários, fornecedores de matéria prima, etc. São tantos os pedidos de informações recebidos que a idealizadora e responsável até hoje pela ação, Marta Leitner, preparou um documento detalhando todo o passo-a-passo para a implantação e funcionamento da entidade.
À frente da Casa das Fraldas de Campo Mourão estão, desde o início, a Associação Comercial e Industrial (Acicam) e o Integrado – Colégio e Faculdade. Mas a ação conta também com o apoio de vários Rotary’s Clubes existentes na cidade, entidades empresariais, cooperativas e empresas, além de parcerias com a Justiça Federal e Estadual.
Características
Em Campo Mourão, o projeto de responsabilidade social é caracterizado pelo repasse mensal e gratuito de fraldas geriátricas descartáveis para entidades não governamentais que utilizam o produto em larga escala. Também são atendidas cerca de 450 pessoas comprovadamente carentes que utilizam fraldas, que recebem kits gratuitamente todos os meses.
O Lar dos Velhinhos Federico Ozanam, o Lar Dona Jacira e o Hospital Santa Casa são apenas algumas das entidades atendidas. Com os repasses feitos há cada 30 dias pela Casa das Fraldas, essas entidades tem expressiva economia, pois uma fralda geriátrica custa, em média, R$ 3,20 no comércio. Como a economia alcançada, essas entidades filantrópicas – que no país sempre enfrentam dificuldades financeiras – podem viabilizar outras ações.
Já para os carentes atendidos, as fraldas fornecidas pelo projeto asseguram não apenas economia, mas contribuem também para o resgate da autoestima. Afinal, boa parte das famílias não dispõe de recursos para comprar fraldas no comércio. Muitos dos que necessitam das fraldas vive de minguada aposentadoria. Na fase de cadastro, as famílias dos usuários são visitadas para a verificação da real carência.
Outra característica marcante da Casa das Fraldas de Campo Mourão é de que não conta com funcionários. A Acicam cede uma colaboradora. Toda a produção é resultado da ação de voluntários: grupos de acadêmicos e de amigos, pessoas da terceira idade, e funcionários de empresas. Até caravanas de cidades vizinhas comparecem para confeccionar fraldas.
São produzidas, em média, 15 mil fraldas por mês. Para a compra da matéria prima necessária na confecção do produto são utilizados recursos obtidos através de promoções diversas, além de recursos destinados pela Justiça Federal e Estadual, bem como por entidades que realizam eventos para ajudar o projeto. O aluguel do imóvel onde funciona o projeto e as contas de luz e água são pagas por empresas parceiras.
Origem
A ideia da confecção de fraldas para distribuir a entidades que necessitavam do produto foi apresentada a acadêmicos do oitavo período do curso de Direito da Faculdade Integrado no primeiro semestre de 2008 pela docente da instituição, Marta Leitner. Em sala de aula, ela propôs aos alunos o desenvolvimento da ação como atividade extra curricular, que é exigida pelo Ministério da Educação. Prontamente os acadêmicos encamparam a proposta.
Exatamente no dia 6 de maio de 2008, um grupo de acadêmicos produziu no auditório da Acicam as primeiras fraldas dentro do projeto de responsabilidade social que levou a criação da Casa das Fraldas. Porém, a ideia era o desenvolvimento de uma ação temporária e a meta era produzir cinco mil fraldas.
Os acadêmicos cumpriram a meta em pouco tempo. Foram produzidas não cinco mil fraldas, mas 20.830 fraldas, entregues para o Lar dos Velhinhos Frederico Ozanam, Lar da Dona Jacira e Hospital Santa Casa de Campo Mourão. O resultado alcançado pela ação e a repercussão obtida pela ação levaram a mantenedora da Faculdade Integrado, professora Conceição Montans Baer, e o então presidente da Acicam, Nestor Bisi, a propor a idealizadora do projeto a continuidade da produção de fraldas, com um trabalho permanente.